quarta-feira, junho 30, 2004

Recibo

Na sala de espera.
As conversas paralelas e hipocondríacas de alguns; o silêncio aterrador e constrangido dos outros.
As crianças fazem de tudo para chamar a atenção.
Seus pais as repreendem:
- Seja como aquele ali... Veja como ele é quietinho...
Expressões vazias. Olhares perdidos. Morte silenciosa.
A espera. Uma longa espera.
Não mais pela hora da consulta ou pelo médico, mas pelo momento em que se possa sentir um pouco de vida, uma pequena e vã esperança.
Good guy, now it's your turn.
A enfermeira chama.
O peso está bom. A pressão está baixa. E daí?
A espera continua.
O terror aumenta de forma gradual ante a indiferença.
Medo. Medo constante.
Fogo da coragem, my dear. Quem dera eu tivesse o fogo da coragem em mim.

O tempo não pára, não pára... Ele me diz.
E repete. Repete.
Até que o som de sua voz se esvai.
Me dá tua mão. Tua boca. Teu beijo.
O tempo não pára.
E todo tempo do mundo não seria o bastante.
Até breve.

segunda-feira, junho 28, 2004

Srta. DEVANEIOS

Veja só o que minha distração faz:
perdi a prova! Vou chorar...
Ah, só uma coisa: reclamona é a mãe.
Te adoro, seu bobão.

domingo, junho 27, 2004

AMÉLIE

Me chamem de burra.
Só fui assistir O Fabuloso Destino de Amélie Poulain hoje.
Eu e minha mania de deixar tudo pra depois.
Fabuloso. Fascinante. Encantador. Romântico. Lindo.
Mais algum adjetivo?
Ah, lógico. Quase esqueço: perfeito.

sexta-feira, junho 25, 2004

CRICA

Gosto de ler.
Gosto de ouvir música.
Gosto de assistir filmes.
Raramente expresso minha opinião sobre o que leio, ouço ou assisto.
É a minha opinião, e tão somente minha.
Cada um deve formar a sua. Por isso, não vejo motivos para expô-la de forma desnecessária.
Não me preocupo com a sua opinião sobre algo que eu já tenha lido, ouvido ou assistido, por mais arrogante que isso possa parecer. Você tem a sua. Eu tenho a minha.
Quando acho que um livro/blog/música/cd/filme realmente vale a pena, eu recomendo.
Mas não me dou ao trabalho de tecer comentários a respeito daquilo que gostei ou desgostei.
Tampouco digo: "esse é melhor que aquele" ou "está melhor agora" ou ainda "de tal jeito ficaria melhor".
Prefiro, dessa forma, perceber que foi o melhor possível. Mas, é claro que às vezes o melhor possível não é o bastante.
Resumindo: eu não sei criticar.
Está aqui um simples comentário a respeito de Do amor e outros demônios, de Gabriel García Marquéz:
Seis reais em multas, pagos com resignação. O livro compensa.
Sobre as multas... Ando distraída... Divagando sobre as coisas... E esquecendo muitas delas..
...
...
...
Sobre o que eu estava falando, mesmo?

quinta-feira, junho 24, 2004

DUAS IGREJAS

A católica e a protestante.
Duas escolas.
Dois hospitais.
Dois cemitérios.
Crenças diferentes no mesmo Deus.
O mesmo Deus.
Deus não impõe tais distinções, creio eu.
Não posso dizer que sou agnóstica, atéia, ou qualquer outra denominação.
Não tenho certeza daquilo que acredito.
Não tenho certeza se acredito.
Não tenho certezas.
Mas, não crer em nada me faria mal.
Cresci com a imagem de um deus que maltrata, castiga e exige sacrifícios daqueles que o amam.
Mas, e o deus misericordioso, que perdoa pecados e é cheio de bondade?
Desconheço sua piedade.
No que crês então?
Acredito que as religiões tem por objetivo renovar as esperanças dos homens, na vida e em si mesmos.
E por este motivo, suas existências e suas lutas tornam-se louváveis.
Mas... no que acreditas mesmo?
Acredito, não em uma religião mas, naquilo que move uma pessoa a fazer o bem.
Se o que a leva a tal ação são seus preceitos morais, que a moralidade seja exaltada em meio à hipocrisia em que vivemos.
Se é a inconformidade diante do egoísmo, que a comodidade não destrua suas forças.
Se são as convicções de seus ideais, que estes não morram com as inúmeras frustrações impostas pela vida.
Se aquilo que leva uma pessoa a agir de forma generosa e honesta com as outras é a fé em um deus, bendito seja esse deus, pois ele renova minhas esperanças.
É nisso que acredito.
Fiz questão de responder a mim mesma.

BAADER-MEINHOF BLUES

A violência é tão fascinante
E nossas vidas são tão normais
E você passa dia e noite e sempre
Vê apartamentos acesos
Tudo parece ser tão real
Mas você viu esse filme também
Andando nas ruas pensei que podia ouvir
Alguém me chamando, dizendo meu nome
Já estou cheio de me sentir vazio
Meu corpo é quente e estou sentindo frio
Todo mundo sabe e ninguém quer mais saber
Afinal, amar o próximo é tão demodê

Essa justiça desafinada é tão humana e tão errada
Nós assistimos televisão também, qual é a diferença?
Não estatize meus sentimentos p'rá seu governo
O meu estado é independente
Já estou cheio de me sentir vazio
Meu corpo é quente e estou sentindo frio
Todo mundo sabe e ninguém quer mais saber
Afinal, amar o próximo é tão demodê

quarta-feira, junho 23, 2004

1990

Pequeno Príncipe.
Autora: Tarcila.
Idade: 5 anos (na época, claro).
Caligrafia: perfeita.
Habilidade artística: nenhuma.

segunda-feira, junho 21, 2004

COINCIDÊNCIA

Dia 21 de junho, de todos os anos, é Dia Nacional do Luto. O porquê eu desconheço.
Ontem, dia 21 de junho de 2004, morreu Leonel Brizola.
Oportunista, como sempre.

quinta-feira, junho 17, 2004

NERUDA E AS PALAVRAS

As dele são mágicas. Estou certa disso.

"Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo."

quarta-feira, junho 16, 2004

RECADINHOS

Bob, adorei a idéia, mas no momento estou sem idéias.
Um dia desses eu escrevo lá. Por quê? Oras, por que eu sou boba.
Beijocas. Muita saudade.

Gezinha, minha menina.
Você consegue entender, sim. Mais do que imagina.
Ando agradecendo todos os dias por ter te oferecido ajuda naquele dia e daí por diante passar a "enloucrescer" com você.
Beijos. E dance... Dance muito. Te adoro.

RECOMEÇO

Lembram-se daquele livro? Aquele que vivo a escrever e reescrever?
Bom, virei uma página.
Terminei de reescrever uma história realmente difícil. Frases esparsas. Páginas manchadas por inúmeras lágrimas.
Não haviam sobrado cores, palavras ou o que quer que seja para reescrevê-la.
Havia restado a mágoa.
Mas as lembranças boas me fizeram perceber que tal mágoa era inútil.
Inútil pois, por mais que as últimas palavras estejam carregadas de egoísmo, foi a mais bela história que já escrevi, até hoje.
Terminei. As páginas foram arrancadas e o assunto devidamente enterrado.
Alívio.
Reticências. Lá. Nas páginas arrancadas.
Mais uma página em branco. E o verde esperançoso.
Recomeço.
Nada, nem ninguém, vai me fazer desistir desse livro.
É o meu livro.

terça-feira, junho 15, 2004

DESTINO

Você já teve a consciência da morte? Não queira ter.
Pensei. Pensei. Pensei muito nisso.
Já.
Não senti medo.
Não senti dor.
Nada.
Pareceu-me daqueles sonos sem sonhos.
Uma espécie de repouso onde não havia a certeza do despertar.
Mesmo assim, naquelas horas que prolongavam-se indefinidamente, não tive medo.
Por vezes, me pergunto no que acredito.
Não crer em nada me faria mal.
Alguma coisa me fez despertar daquele descanso, sutil e forçado.
Acordei. O quarto do hospital estava vazio.
Restaram-me certezas.
E o gosto de sangue em minha boca.

segunda-feira, junho 14, 2004

Urgência

Quero ouvir tua voz.

BIZARRO

Nem minha mãe, com quem mantenho laços emocionais e sangüíneos, preocupa-se tanto com minha vida quanto um certo alguém, cuja única característica comum foi ter beijado a mesma boca que eu.
Ironias da vida.

domingo, junho 13, 2004

DOCE DE ABOBRINHA

Sem palavras. Cara de boba alegre.

=*****

Posted by tarci at 01:25 AM | Comments (5)

MAIS NOVIDADES

Agora temos um perfil da autora desse blog.
E também temos os Tri-li-lis: destinado à links para fotologs, sites legais e úteis.
Em especial, recomendo, pra quem não teve a chance de ler, O Pequeno Príncipe, que disponibiliza os capítulos do livro. É uma leitura gostosa e edificante.
Não tenho muito mais a dizer, até por que aprendi a ler com esse livro, mas acho realmente importante que tais valores, não somente culturais, sejam resgatados.
Me desculpem mas já não agüento o clássico: "amu meus amiguxuss e odeio falçidade". Errar é humano. Repassar erros é digno de pena. E indignação.

sexta-feira, junho 11, 2004

Castigo

Se minhas palavras fossem mágicas, meia palavra seria o suficiente.
Se fossem mágicas, toda a dor deixaria de existir.
Os aniversários seriam os mais alegres e, nada o faria pensar em o quanto seria melhor ou pior, se fosse diferente.
Se fossem mágicas, saberias o que, e a dimensão do que, cada uma delas quer dizer e nunca, nunca mesmo, te farias de desentendido... Seria impossível ante a magia delas.
Se fossem mágicas, com um vingardius leviossa, um abracadabra ou um ei, gosto muito de você, te traria pra perto de mim.
Falta pouco. Muito pouco.
Elas serão mágicas.
Ainda mais fascinante será o brilho em teu olhar.

quinta-feira, junho 10, 2004

Novidades

Logo novo. Agradecimentos especiais ao Moskito.
Mouse novo. Agradecimentos especiais a Bruninha.
Álbum de fotos (fotolog, flog, o raio que for) novo. Se bem que eu nunca tive um. Mas esse é novo. Me rendo ao encanto das imagens.

=)

quarta-feira, junho 09, 2004

...

Aquele dia. Acordei cedo. Fui a aula. Matemática. X e Y. Dor de cabeça. Cólica. Vontade de ter nascido homem. Em casa. A tarde. Minha mãe. Pós-operatório. A crise. O nada. A inconsciência. O vazio. O despertar. Tentei levantar. Caí. Dor. A enfermeira. "Quero minha mãe". Minha mãe. O médico. Os exames. O diagnóstico. Lembrança da tia. O desmaio. O despertar. A asfixia. A morte. O tratamento. As noites mal dormidas. O remédio que dava sono. O remédio que dava alergia. O remédio que dava segurança. Nada de mal aconteceria. E a tia? Ela também tomava remédio. Medo. Vontade de dormir e não acordar mais. Vontade de acabar com tudo. Quatro comprimidos. Não foi o suficiente. Seis. Também não. Efeitos desconcertantes. Covardia. Mais que seis? Não. Não tinha coragem. Depressão. Desapego. Desinteresse. Pílulas de felicidade. Olhos verdes. A perda daquele que ainda vive. O brilho dos olhos verdes havia desaparecido. Lágrimas. Uma nova forma de ver a vida. Menos emoção. Mais razão. Uma semana. Uma festa. Um sorriso. A distância. A perda. A dor. Três anos. Nenhuma crise. Palavras insanas. Palavras inúteis. Pensamentos desconexos. Egoísmo. Raiva. Tristeza. Um olhar que esconde mil segredos. Ou não. Mau humor. Bom humor. Brincadeiras. Risos. Bobagens. Seriedade. Não. Não vou rir. Gosto muito de você.


"Me leve às estrelas sem pensar que amanhã tudo pode mudar."
(Me leve às estrelas - Dance of days)

PAREDES

Será que sou errado
Por querer estar ao seu lado
Em jardins onde as flores
Não envenenam o ar?

segunda-feira, junho 07, 2004

Conceito

"Os que buscam, um dia hão de encontrar..."

Crueldade: qualidade do que é cruel;
Cruel: que gosta de fazer mal, tirano, severo, sanguinário, insensível.

Espero ter ajudado.
Volte sempre.

Posted by tarci at 03:52 PM | Comments (3)

MUNDO DAS IDÉIAS

Eu adoro dormir e filosofar!
E adoro pessoas inteligentes! E adoro mais pessoas inteligentes! =)

APESAR DE VOCÊ

Egoísmo é um dos defeitos, ou virtude, que eu não possuo.
Mesmo assim, deixa eu esclarecer as coisas: minha tristeza é minha, e de mais ninguém.
Não estou pedindo para que a partilhem comigo e é muita pretensão daquele que se acha capaz de fazer isso, por mais que não queira.
Quero ser egoísta, por mim mesma.

domingo, junho 06, 2004

O MEU AMOR

Eu te amo. Dito a todo instante. Banal.
Eu te amo. Hoje, sim. Amanhã, quem sabe?
É irracional.
Eu te amo. Palavras mágicas às avessas.
A visão do que poderia ter sido. A dor de ver somente o que é.
Por que não digo? Por que não escrevo um poema meloso, uma canção esdrúxula, ou um simples bilhete?
Por medo? Insegurança? Incerteza?
Talvez.
Esperei. Naquele dia, e em todos os outros, eu esperei.
Ainda espero. Que fique muito claro: ainda espero.
Devo fazer passar. Não sei se quero.
Com certo atraso e sem poemas, canções ou bilhetes: te amo.
A cada minuto, mais intensamente.
Não quero mais as dúvidas. Não quero mais o laconismo.
Não quero as interrogações. Tampouco as reticências.
Se me é destinada a saudade, que venha. Instale-se.
E divida o espaço com a tristeza, que esperta, acomodou-se antes que eu mesma tivesse consciência disso.
Se me é destinado o esquecimento, que eu esqueça tão logo possível.
Se me é destinada a esperança, que a espera me seja tão encantadora quanto aquele sorriso.
Mas, se não me engano, eu não acredito em destino.
E o que isso quer dizer?
Segredo.

sábado, junho 05, 2004

DEIXA DISSO

É hoje!!!

Hoje, Felipe Augusto Luís Nonato Guilhermo Michel Rogério Marcelo Junqueira Souza Telles de Almeida Gutiérrez Pereira Santos Oliveira da Silva Dylon, estará marcando presença no Big Bowling, a ÚNICA e melhor casa de shows da cidade.

Sem dúvida, é o MAIOR nome do pop brasileiro!!!

Pré-adolescentes, de 0 a 80 anos, já fazem fila na porta do lugar.

O início do show está previsto para 20h.

O repertório conta com as já consagradas: Ursinho Pimpão (que o jovem compôs para Nestor, o ursinho que o acompanha desde sua infância), Barato bom é da Barata (canção visivelmente contrária ao uso de drogas), Superfantástico (homenagem ao programa global exibido dominicalmente), Doce Mel (composta após uma aula de Língua Portuguesa sobre redundância), e o hit Florentina (que o astro define como sua obra-prima-irmã).

Depois de um evento de tal grandiosidade, a Breithauptolândia, e seus felizes e pacatos moradores, jamais serão os mesmos!


\o/

UPDATE: Quem foi, perdeu.

quarta-feira, junho 02, 2004

As coisas que eu não entendo

Nesta noite, fria e chuvosa, a insônia resolveu dividir a cama comigo.
E, ora pois, não contente com o calor das cobertas, resolveu apossar-se do calor de meu corpo, deixando-me sozinha com minhas lembranças.
Nesta noite, fria e chuvosa, lembro-me perfeitamente de tantas outras noites, de tantos outros sonhos, de tantas decepções.
Em noites como esta declarei, inúmeras vezes, o meu amor.
Nesta noite, fria e chuvosa, revivo cada minuto de uma outra noite que, mesmo recente, parece-me remota e surreal.
Cada gesto. Cada palavra. Cada sorriso.
Nesta noite, a lembrança daquela noite resolveu driblar todo o meu ceticismo.
Nesta noite, tenho a certeza de que a imaginação, aliada à ação e ao desejo sincero, pode fazer o universo inteiro mudar em nome daquilo que se quer.
Talvez eu esteja enganada. Doce engano.
Talvez isso seja um sonho. Cruel será o despertar.
Talvez essas sejam as últimas palavras que escrevo. Talvez ainda exista muito mais a se dizer.
Talvez seja melhor assim. Talvez não.
Nesta noite, fria e chuvosa, o vermelho parece querer sobressair-se ao cinza.
Mas tudo bem.
Nada que uma boa noite de sono e uma dose de vida não resolvam.