sábado, junho 24, 2006

Enchantagem

de tanto não fazer nada
acabo de ser culpado de tudo

esperanças, cheguei
tarde demais como uma lágrima

de tanto fazer tudo
parecer perfeito
você pode ficar louco
ou para todos os efeitos
suspeito
de ser verbo sem sujeito

pense um pouco
beba bastante
depois me conte direito

que aconteça o contrário
custe o que custar
deseja
quem quer que seja
tem calendário de tristezas
celebrar

tanto evitar o inevitável
in vino veritas
me parece
verdade

o pau na vida
o vinagre
vinho suave

pense e te pareça
senão eu te invento por toda a eternidade

[p. leminski]

sexta-feira, junho 23, 2006

Entrelinhas

Com freqüência, repetimos os erros dos outros.
Estou cansada, é verdade, mas me nego a desistir, mesmo sabendo que, talvez, de nada adiante continuar: palavras ao vento, coração apertado e a incerteza de um final feliz.
Um final, por certo. Em breve. Hoje, me nego.
É cuidar que se ganha em se perder, tão contrário a si é o mesmo amor.
Me faz bem, sem querer querendo.



até amanhã eu vou ficar
e fazer do teu sorriso um abrigo

[casa pré-fabricada - los hermanos]

quinta-feira, junho 22, 2006

Presença

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

[Mário Quintana]

segunda-feira, junho 19, 2006

quarta-feira, junho 14, 2006

O barquinho

Dia de luz, festa de sol
E o barquinho a deslizar
No macio azul do mar
Tudo é verão
O amor se faz
Num barquinho pelo mar
Que desliza sem parar
Sem intenção, nossa canção
Vai saindo desse mar
E o sol beija o barco e luz
Dias tão azuis

Volta do mar, desmaia o sol
E o barquinho a deslizar
E a vontade de cantar
Céu tão azul, ilhas do sul
E o barquinho, coração
Deslizando na canção
Tudo isso é paz
Tudo isso traz
Uma calma de verão
E então
O barquinho vai
E a tardinha cai

[Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli]

terça-feira, junho 13, 2006

Aquarela do Brasil

Brasil, meu Brasil brasileiro...
Meu mulato inzoneiro,
Vou cantar-te nos meus versos.
[Ary Barroso]


Não é de hoje essa paixão. Nem de ontem.
Não são os dribles, as jogadas excepcionais, os famigerados pênaltis, que puseram meu coração na boca, antes mesmo de entender o que aquilo tudo realmente significava. É bem mais que isso.
Bem mais do que noventa ou cento e vinte minutos.

É uma vida. Uma história. Um descobrir e redescobrir tudo de bom que este país tem a oferecer e realmente oferece para aqueles que o valorizam.

Não é uma bola, um atraso, uma perda de tempo.

É a representação da alegria que nos leva adiante, da esperança, que nos leva a crer que seremos vitoriosos: dentro e fora de campo. E seremos.

Pelo Brasil, até o fim.
E até onde der, com a Costa do Marfim ;)

sábado, junho 10, 2006

Apenas mais uma de amor

[...]
Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Subentendido
Como uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de acontecer

Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza então,
A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer

Se amanhã não for nada disso
Caberá só a mim esquecer
E eu vou sobreviver...
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber

[Lulu Santos e Nelson Motta]