quarta-feira, junho 02, 2004

As coisas que eu não entendo

Nesta noite, fria e chuvosa, a insônia resolveu dividir a cama comigo.
E, ora pois, não contente com o calor das cobertas, resolveu apossar-se do calor de meu corpo, deixando-me sozinha com minhas lembranças.
Nesta noite, fria e chuvosa, lembro-me perfeitamente de tantas outras noites, de tantos outros sonhos, de tantas decepções.
Em noites como esta declarei, inúmeras vezes, o meu amor.
Nesta noite, fria e chuvosa, revivo cada minuto de uma outra noite que, mesmo recente, parece-me remota e surreal.
Cada gesto. Cada palavra. Cada sorriso.
Nesta noite, a lembrança daquela noite resolveu driblar todo o meu ceticismo.
Nesta noite, tenho a certeza de que a imaginação, aliada à ação e ao desejo sincero, pode fazer o universo inteiro mudar em nome daquilo que se quer.
Talvez eu esteja enganada. Doce engano.
Talvez isso seja um sonho. Cruel será o despertar.
Talvez essas sejam as últimas palavras que escrevo. Talvez ainda exista muito mais a se dizer.
Talvez seja melhor assim. Talvez não.
Nesta noite, fria e chuvosa, o vermelho parece querer sobressair-se ao cinza.
Mas tudo bem.
Nada que uma boa noite de sono e uma dose de vida não resolvam.

Nenhum comentário: