Eu canto porque o instante existe
E a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
Sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
Não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
No vento.
Se desmorono ou se edifico,
Se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
Ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
[Cecília Meireles]
E a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
Sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
Não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
No vento.
Se desmorono ou se edifico,
Se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
Ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
[Cecília Meireles]
Na capa de um caderno, Manacá, de Tarsila. Um presente de alguém que amei.
Na primeira página, estes versos dela, envoltos em sóis, estrelas e flores. Cecília.
Amareladas estão todas as páginas. A dela, as minhas, tão suas.
Descoloridos pelo tempo estão os sóis, estrelas e flores.
Mas de tudo fica um pouco: sobraram as palavras, preto no branco em linhas azuis.
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