segunda-feira, abril 10, 2006

Grão

Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros.

[Clarice Lispector]


Dia desses, me disseram que pareço clarice. Tenho feições e trejeitos de clarice. Que não sou única, existem mil e uma clarices pelo mundo. E que, mesmo assim, sou única. Por ter trejeito e feições de clarice e ainda assim ser outra. Única. Por cativar. Igual a todas, mas cheia de mim.

O mundo girou. A vida girou. O tempo... Ah, o tal do tempo... Cismou em se fazer ligeiro... E a não parar nem em sinal fechado.

Num dia desses, o céu azul e um sorriso me fizeram única. Igual a todas, cheia de mim. Feliz... Feliz.

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