sábado, outubro 23, 2004

Da morte

Eu nunca consegui compreendê-la. Tampouco acho que agora entendo, ou que um dia entenderei. Ontem, ao receber a notícia do falecimento de um ente querido, em meio a uma comemoração acerca da semana do Servidor Público, fiquei triste e perplexa. Olhei em volta. As pessoas se divertiam imensamente: seja através das gotas de álcool que ingeriam sem moderação, das conversas animadas, da junção dos dois, ou por nada, e por tudo, ao mesmo tempo. Aquelas pessoas, depois daquela festa, iriam para suas casas, embalar ou fazer vidas, se assim lhes fosse permitido...
A vida é assim mesmo. Até que a morte, inexorável certeza, resolva pôr fim a nossa diversão e nos leve ao desconhecido. A vida é o que se faz dela. A morte é a vida que se deixa.
Duas lindas vidas. Das quais muito orgulhava-se. Com razão.
A morte é a ausência: sem aviso e sem motivo.
Quando vais? Aonde? Que irás fazer por lá?
A morte é a ausência: dói. Vai doer muito. Nas lembranças boas e ruins. Até que a dor esmaeça e se transforme em um suspiro: saudade.
A morte é a ausência. Nunca estamos preparados o suficiente para lidar com ela, nunca estaremos.

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